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NÃO ACREDITAR EM INTELIGENCIA EXTRATERRESTRES É IR CONTRA AS PROBABILIDADES

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Acredita-se que o universo seja infinito. O universo observável - isto é, a parte do universo cuja luz chega até nós para que seja observada - tem um raio de cerca de 46 bilhões de anos-luz, com pelo menos 100 bilhões de galáxias. Nós vivemos em uma delas (a Via Láctea) e cada galáxia tem, em média, algumas centenas de bilhões de estrelas - sendo que apenas 5 mil são visíveis da Terra a olho nu. Muitas delas são parte de sistemas solares e, na nossa galáxia, há pelo menos 17 bilhões de planetas rochosos parecidos, de alguma maneira, com a Terra, ou ainda 100 bilhões de planetas dos mais diversos tipos (incluindo os gasosos como Júpiter e Saturno).
Astrônomos consideram que uma em cada seis estrelas contenha um planeta rochoso como o nosso em sua órbita, então, estatisticamente falando, seria lógico pensar que existe vida em outros lugares além da Terra. No entanto, estamos no ano de 2016 depois de Cristo e ainda não tivemos nenhuma confirmação, ou sequer forte indício, de que a vida como conhecemos habite outro corpo espacial além do planeta em que vivemos. Mas, mesmo assim, temos somente alguns séculos de observação espacial no nosso histórico e algumas décadas de exploração; e, portanto, ainda estamos dando os primeiros passos para desvendar os mistérios do cosmos. De acordo com a ciência, não acreditar na existência de vida inteligente extraterrestre é ir contra as probabilidades.
A Equação de Drake
Em 1961, o astrônomo e astrofísico Frank Drake formulou uma equação para estimar o número de civilizações extraterrestres ativas somente na Via Láctea. Conhecida como Equação de Drake, o cálculo resume os principais conceitos que os cientistas devem contemplar ao considerar a probabilidade de outras formas de vida serem capazes de fazer algum tipo de comunicação conosco via ondas de rádio.
O problema é que essa equação tornou-se controversa, uma vez que vários de seus fatores ainda são um tanto quanto desconhecidos, além de ter uma vasta gama de valores abrangidos, fazendo com que muitos considerem a equação como sendo um mero palpite. Mas tantos outros especialistas defendem que basta usar uma abordagem mais razoável para mostrar que já temos conhecimento o bastante para atribuir valores aceitáveis à maioria dos termos da equação, sendo possível chegar a uma probabilidade razoável no final do cálculo.
Mas, independentemente de termos os valores adequados para o cálculo ou não, a equação é a seguinte:
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(Reprodução: University of Rochester)
Sendo:
N = O número de civilizações na Via Láctea que poderíamos estabelecer contato 
R * = A taxa de formação de estrelas em nossa galáxia 
fp = A fração de estrelas com sistemas planetários 
ne = O número de planetas, por sistema estelar, com um ambiente adequado para a vida 
fl = A fração de planetas adequados em que a vida realmente possa se desenvolver 
fi = A fração de planetas que desenvolvem vida inteligente 
fc = A fração de planetas com vida inteligente e que têm o desejo e os meios necessários para estabelecer comunicação 
L = O tempo esperado de vida de tal civilização
Considerando que, de acordo com Drake:
R* - estimado em 7/ano 
fp – estimado em 0,5 
ne – estimado em 2 
fl – estimado em 0,33 
fi – estimado em 0,01 
fc – estimado em 0,01 
L – estimado como sendo 10.000 anos
Então o cálculo seria mais ou menos o seguinte:
N = 7 × 0,5 × 2 × 0.33 × 0,01 × 0,01 × 10 000 = 2,31
Ou seja, com uma visão conservadora, chegaríamos à conclusão de que somente na Via Láctea existem, neste momento, cerca de duas civilizações inteligentes capazes de se comunicar com o ser humano. Contudo, outros cálculos chegaram a valores mais otimistas de mil ou até cem mil civilizações alienígenas inteligentes vivendo no momento presente em nossa galáxia. O célebre astrônomo Carl Sagan, por exemplo, chegou a calcular nada menos do que 1 milhão de civilizações inteligentes distribuídas pelo espaço, aguardando nossa capacidade tecnológica de estabelecer um contato.
A descoberta de exoplanetas
Há muito era sabido que existem bilhões de planetas orbitando outras estrelas espaço afora, mas foi somente na década de 1990 que a tecnologia da observação espacial nos permitiu detectar, de fato, o primeiro exoplaneta. A notícia de que realmente há uma imensidão de planetas orbitando sóis por aí é empolgante e, ao mesmo tempo, um balde de água fria para os entusiastas da vida alienígena: a maioria deles, contudo, tem condições inóspitas à existência da vida tal qual a concebemos.
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Representação artística do 51 Pegasi b, o primeiro exoplaneta descoberto. Ele está localizado a 50 anos-luz de distância, na constelação de Pegasus (Reprodução: Divulgação)
Até o ano de 2015, havíamos descoberto somente uma dúzia de exoplanetas similares à Terra e localizados em zonas habitáveis (isto é, nem muito perto e nem muito longe de sua estrela). Mas o telescópio espacial Kepler - o maior caçador de planetas fora do Sistema Solar - já conseguiu detectar 1.284 novos exoplanetas desde então. Desse número total, cerca de quinhentos são rochosos e com um tamanho semelhante ao da Terra. Já desses 500, apenas nove orbitam na zona habitável de seus sóis, podendo neles haver água líquida e, portanto, nos dando a esperança de abrigarem vida.
Até os dias atuais, a NASA já determinou pelo menos 21 exoplanetas com a possibilidade de serem a morada de algum tipo de ser vivo, e acredita-se, ainda, que o mais próximo deles esteja a apenas 11 anos-luz da Terra. Ou seja, uma viagem de apenas onze anos navegando à velocidade da luz nos separaria de um planeta que, se não abrigar seres vivos, poderia servir como moradia para nós, seres humanos, em algum futuro muito distante.
E então cadê os ETs?
Desde que inventamos tecnologias para registrar fotos e vídeos, constantemente nos deparamos com imagens mostrando OVNIs (Objetos Voadores Não Identificados), quase sempre com a suspeita de que se tratam de espaçonaves alienígenas visitando nosso planeta. Além disso, um grande número de fotos de supostos seres extraterrestres capturados por órgãos governamentais já foi veiculado em jornais, revistas e sites especializados em ufologia. No entanto, até o presente momento, nenhuma dessas imagens teve sua veracidade devidamente comprovada - pelo contrário, para a maioria delas foi batido o martelo da falsificação de imagens.
Apesar de alguns casos envolvendo encontros entre seres humanos e supostos alienígenas permanecerem sem solução, ainda não tivemos nenhum contato com visitantes de outros planetas, tampouco indícios de sua existência. Mas seguimos na busca, afinal, duvidar da existência de inteligências fora da Terra é ir contra as probabilidades e a ciência não se contentará com nada além da verdade.
Para realizar essa busca, a NASA criou o projeto SETI (“Search for Extraterrestrial Intelligence”, ou “Busca por Inteligência Extraterrestre” em português) que há algumas décadas utiliza radiotelescópios poderosos que “varrem” o universo analisando sinais de rádio de baixa frequência. Como esse tipo de sinal não ocorre naturalmente, sua descoberta em algum outro local do universo determinaria a existência de comunicação entre seres tecnologicamente inteligentes.
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Radiotelescópios do SETI em busca de sinais de rádio extraterrestres (Reprodução: Divulgação)
Ao longo dos anos, cientistas do projeto já captaram alguns sinais eletromagnéticos diferentes, muitos deles que produziam padrões caracterizados como não naturais. O mais notório deles foi o que ficou conhecido como “Sinal Wow!”, detectado por um voluntário do SETI em 1977. O sinal durou 72 segundos e veio da região da constelação de Sagitário. Seu nome surgiu pois, ao observar o sinal nas leituras impressas, ele circulou a indicação escrevendo um “Wow!” ao lado, e esse sinal é considerado o melhor já capturado pelo projeto. No entanto, não foi detectado novamente em nenhuma das diversas pesquisas que foram realizadas posteriormente.
Até então o SETI não encontrou nenhuma confirmação de comunicação alienígena mesmo com diversos sinais incomuns observados, mas, recentemente, o projeto ganhou um reforço peso pesado com a iniciativa "Breakthrough Listen" (algo como “Escuta Reveladora”), criada pelo bilionário russo Yuri Milner e pelo físico Stephen Hawking. O projeto injetará US$ 100 milhões no SETI ao longo da próxima década para intensificar ainda mais a busca por sinais de comunicação alienígena via sinais de rádio.
“I want to believe”
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Cena de Arquivo X em que Dana Scully, interpretada pela atriz Gillian Anderson, posa ao lado do icônico pôster (Reprodução: Divulgação)
A frase em inglês, que significa “Eu quero acreditar”, ficou mundialmente famosa graças à série televisiva Arquivo X, em que os detetives Fox Mulder e Dana Scully investigavam casos não solucionados envolvendo fenômenos paranormais. Nela, Mulder acreditava na existência de extraterrestres e tentava prová-la, enquanto Scully, mais cética, mantinha seu foco nas análises científicas dos fatos.
Independentemente de querermos ou não acreditar, é preciso ter em mente o quão grande é não somente a nossa galáxia como todo o universo, e, portanto, uma civilização inteligente localizada em algum planeta ainda desconhecido pode simplesmente não ter meios de chegar até nós, da mesma forma que nós ainda não temos os meios necessários para chegarmos a eles.
Se considerarmos que a matéria necessária para o desenvolvimento da vida é despejada por estrelas em todo o universo, seria altamente improvável que a vida tivesse surgido somente no planeta Terra, esse “pálido ponto azul”. Afinal, calcula-se que o Big Bang - o fenômeno que deu origem a tudo o que existe - tenha ocorrido há mais de 13 bilhões de anos, então não seria uma ideia louca cogitar que a vida inteligente já tenha surgido por aí diversas e diversas vezes, tampouco que ela exista simultaneamente à vida terrestre em algum lugar muito distante.
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(Reprodução: Pensador)
A vida extraterrestre pode ser rara, ou ainda pode ser que não haja muitas espécies tecnologicamente inteligentes além da humana. Pode ser ainda que civilizações avançadas tenham se autodestruído, ou que tenham sido vítimas de extinções em massa causadas por fenômenos da natureza. Alguns entusiastas especulam que seres alienígenas estão nos observando, mas não fazem contato direto conosco para não interferir no curso de nossa evolução natural. Outros pensam que esses seres podem ser tão diferentes de nós em termos fisiológicos e psicológicos que não seja possível haver algum tipo de comunicação.
Bom, Galileu Galilei foi o primeiro homem a apontar um telescópio para as estrelas em 1609, e os radiotelescópios somente foram inventados na década de 1930. Então, seja qual for a hipótese que escolhemos acreditar, uma coisa é fato: estamos apenas no começo da exploração espacial e ainda é demasiadamente cedo para desacreditar na existência de inteligências extraterrestres somente porque ainda não tivemos um contato cientificamente comprovado.
BY: JEFFERSON CHAGAS
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