Conforme algumas estimativas, o universo conhecido pode conter cerca de dois trilhões de galáxias, sendo que a central manteria em torno de si aproximadamente cem milhões de estrelas e incontáveis planetas. Mas pode haver múltiplas cópias do universo da maneira como nós o enxergamos?
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O conceito de um multiverso – mundos que coexistem conosco de forma invisível e que podem representar versões da realidade quase idênticas à nossa – é uma ideia aceita na ficção científica e que intrigou gerações de físicos, bem como fãs e criadores de histórias ficcionais.
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Enquanto os cientistas ainda não tenham encontrado qualquer evidência de que multiversos de fato existam, há uma série de hipóteses que utilizam as leis da física para explorar a possibilidade de universos múltiplos, às vezes desafiando nossa compreensão sobre a própria viabilidade desse processo. Erin MacDonald, astrofísica, engenheira e autoproclamado “nerd maciço de ficção científica”, palestrou sobre o tema durante um painel no Future Con, festival que destacou a intersecção entre ciência, tecnologia e ficção científica no distrito de Washington.
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MacDonald explicou que o nosso universo existe dentro de um tecido de espaço-tempo – um formato tridimensional combinado com a noção do tempo para criar um 4D contínuo. Mas cientistas não podem afirmar com certeza como se configura esse espaço-tempo, o que significa que podem existir inúmeros universos invisíveis aos olhos humanos.
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Realidade espelhada
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A versão mais simples do conceito de multiverso é chamada realidade alternativa ou realidade espelhada. Segundo ela, há um único universo paralelo ao nosso, que também é seu lado oposto – como mostrou o episódio “Mirror, Mirror” da série Star Trek. Na história, um grupo desembarca erroneamente numa versão diferente da Enterprise, habitada por versões mais brutais dos colegas de tripulação.
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Outra perspectiva sobre o multiverso é defendida pela Teoria M, que descreve nosso universo como uma membrana dentro de uma vasta e possivelmente infinita pilha de membranas tridimensionais flexíveis – que também seriam, individualmente, universos diferentes. Este seria o mundo Brana.
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Universos múltiplos também podem existir dentro de bolhas que congregam o espaço-tempo, em um conceito explorado no videogame “Bioshock Infinte”. Segundo esse cálculo, habitantes de dois universos poderiam, em tese, interagir se suas bolhas se conectassem diretamente, de acordo com MacDonald.
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Polarizações a cada decisão
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Os universos quânticos aparecem mais frequentemente na ficção científica, informa a pesquisadora. Essa ideia sugere que cada decisão de uma pessoa cria uma nova linha do tempo e um novo universo, autônomo, que segue um caminho diferente. Para criar histórias de ficção científica sobre viagens no tempo, escritores invocam as regras dos universos quânticos para explicar como os personagens conseguem viajar até o passado sem apagar a própria existência – todas as suas escolhas dão vida a novos universos inteiros sem interferir no universo original.
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Talvez, porém, a premissa mais perturbadora de todas seja a de que o universo que percebemos como real é, na verdade, algum tipo de simulação, como no filme “Matrix”.
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“Você gostaria de saber se fosse uma simulação sem qualquer controle? Poderíamos testar essa simulação se todos nós fôssemos apenas um código?”, perguntou MacDonald ao público.
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Por ora, muitas perguntas permanecem sem resposta – tanto sobre multiversos quanto a respeito da nossa realidade, afirmou.
“Nada disso pode ser comprovado, mas é interessante pensar no assunto”,
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