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EUA Flórida: Os avistamentos de OVNIs em Gulf Breeze


Um dos mais célebres episódios com provas fotográficas ocorreu na pequena cidade de Gulf Breeze, no estado da Flórida, perto de Pensacola. Os eventos concentraram-se mais precisamente em um homem que, durante seis meses, em 1987 e 1988, tirou literalmente dúzias de fotos, além de ter também filmado. Ele relatou uns dos mais bizarros encontros com alienígenas das crônicas da ufologia.
Aos 41 anos de idade, Edward Walters era um dos pilares da sociedade de Gulf Breeze. Era presidente de uma próspera construtora, bem casado, tinha um filho adolescente e uma filha de doze anos. Mas às cinco horas da tarde do dia 11 de novembro de 1987 sua vida tomou um aspecto inteiramente diferente. O que se segue é a sua descrição do que aconteceu, tal como foi contado em “Aparições em Gulf Breeze”, o livro que ele e sua esposa, Frances, escreveram em 1990 sobre os incidentes.
Tudo começou, conta Walters, quando ele e sua estava trabalhando no escritório em casa, e notou algo brilhante pairando sobre um pinheiro do jardim. Saindo da casa, ficou espantado ao ver uma nave com a forma de um enorme peão de brinquedo, com escotilhas no centro e um enorme anel brilhante na parte de baixo. “Parecia tão grande quanto as casas que estavam embaixo dela e quase três vezes mais alta”, disse ele. Walters correu para apanhar uma câmera Polaróide e tirou uma foto, depois mais três, de uma distância de 50 metros.
O filme acabou, de modo que ele correu de novo para dentro, recarregou a câmera e tirou outra foto quando o OVNI chegou mais perto. Estava prestes a tirar mais uma foto quando um raio azul foi disparado do objeto, erguendo-o do solo e imobilizando seus músculos. Sentiu-se um fedor enjoativa, uma espécie de cheiro de amoníaco misturado com canela e Walters ouviu o que descreveu como uma voz de computador na cabeça. A voz disse: “Não lhe faremos mal.” Walters lembra-se de ter gritado, e depois caiu. Quando olhou para cima, viu que o OVNI havia sumido.
Isso foi só começo. Nove dias depois, às quatro da tarde, Walters voltou para casa e começou a ouvir um zumbido. Mas não viu nada e logo esqueceu o assunto, até o zumbido transformar-se em uma voz mecânica, acompanhada por uma espécie de ventania dentro da cabeça dele. Walters agarrou a câmera e saiu de casa. “Estou ouvindo, seus desgraçados”, gritou, e a voz respondeu: “Acalme-se. Dê um passo à frente”. Nesse momento ele avistou um ponto de luz descendo rapidamente do céu e ergueu a câmera. Uma voz dentro da cabeça dele disse, em espanhol: “Las fotos están prohibidas”. Mas ele tirou uma foto do OVNI que pairava sobre as casas da vizinhança. Outras vozes instaram-no a subir a bordo do objeto. Uma voz de mulher fez-se ouvir na sua cabeça: “Eles não vão feri-lo. São só uns testes, nada demais. Não nos feriram, e agora estamos indo para casa”. Walters recusou-se a cooperar e gritou que eles não tinham esse direito. “Sim, temos”, respondeu uma voz de homem, de depois disse: “Viremos apanhar-te”. Walters tirou outra foto quando o OVNI começou a se afastar.
A família Walters tentou continuar levando uma vida normal, a despeito das intrusões perturbadoras. Assim que o OVNI partiu naquela noite, Ed correu para o jogo de futebol inaugural do ano na escola secundária, onde seu filho, tambor da banda, tocaria no espetáculo do intervalo. Mas a vida dele havia mudado inexoravelmente. Nos dias que se seguiram, Ed e Frances falaram de pouca coisa além de OVNIs todas as noites e quando estavam sozinhos durante o dia. Ed carregou seu rifle 22 e sua pistola calibre 32. E começou a levar regularmente uma espingarda carregada atrás do banco da caminhonete.
Então, às três da manhã do sai 2 de dezembro, Walters acordou com vozes na cabeça. Agarrou a pistola e, junto com a sua esposa, foi até a janela da cozinha. Viram o OVNI mergulhando do céu até deter-se a cerca de 30 metros acima da piscina. “Dê um passo à frente agora”, ordenou a voz. Em vez disso, com a câmera na mão direita e a arma na esquerda, Walters saiu de fininho da casa, tirou outra foto e correu para dentro. Espiando para fora, ele e a esposa viram o OVNI se afastar.
Por incrível que pareça, a história continuou naquela mesma noite. Walters conta que ele e a esposa haviam acabado de voltar para a cama quando o cachorro latiu e ele, abrindo as cortinas de uma porta-balcão, viu uma criatura em pé do lado de fora. Disse que era uma figura de cerca de 1,20 metros de altura, vestida com um elmo, através de cujo visor ele viu um par de grandes olhos negros; uma espécie de caixa que cobria o tronco da coisa, e outra caixa menor a envolvia da cintura aos joelhos. Trazia na mão uma vara prateada brilhante.
Desenho do alienígena visto por Ed Walters
O aterrorizado Walters deu um grito, tropeçou e caiu de costas. Frances ergueu-se da cama e viu a criatura também. Ed agarrou a pistola para atirar no intruso se ele tentasse entrar. Mas o ser limitou-se a ficar parado do lado de fora, fitando-o com um olhar que era quase triste. Olhos que de algum modo pareciam curiosos.
Enchendo-se de coragem, Walters pensou que talvez pudesse capturar o pequeno ser. Mas assim que abriu a porta, o raio de luz atingiu a sua perna direita, paralisando-a “como se estivesse pregada no chão.” Então um raio subiu e começou a erguer a sua perna, e Walters viu o OVNI desapareceu. Mas não antes que ele conseguisse pegar a câmera e tirar outra foto Polaroid – a décima primeira.
Naquele mês de dezembro o OVNI apareceu mais cinco vezes, rendendo outro punhado de fotografias. Quando apareceu na noite do dia 28, Walters não tinha mais filme para a Polaroid, e então pegou sua câmera de vídeo Sony e fez uma gravação de 1 minuto e 38 segundos do objeto passando por trás de uma árvore no quintal. Tanto seu filho, Dan, como sua filha, Laura, afirmaram ter visto o OVNI e testemunhado o pai gravando-o em vídeo. Este viria a ser um dos mais significantes registros.
No ano novo o assédio continuou, com cinco episódios em janeiro. Os seres passaram a chamar Walters de “Zehaas”. “Vem até nós. Não te faremos mal”, ordenou a voz no dia 12 de janeiro. “Zehaas, estamos aqui por ti”, anunciou no dia 26, acrescentando misteriosamente: “No sono sabes”. Walters começou a xingar os objetos e disse: “Saiam da minha vida!” Mas as vozes não paravam de repetir: “Estamos aqui por ti, Zehaas. Não nos negue. Estamos aqui. Lembra-te”.
A essa altura Walters havia se comunicado com Duane Cook, editor do jornal Sentinel, de Gulf Breeze. Sem revelar o sobrenome de Walters, identificando-o apenas como “Sr. Ed” ou “Ed”. Cook publicou algumas estórias e fotos do caso. O jornalista também juntou-se a Walters em algumas ocasiões, na esperança de presenciar a chegada de um OVNI. No dia 24 de janeiro, Walters estava em sua caminhonete com Cook quando ouviu o temível zumbido e a voz que lhe lembrava: “No sono sabes”. Parou o carro e desceu, mas não conseguiu ver coisa alguma. Cook, enquanto isso, afastou-se um pouco e começou a gravar Walters em vídeo. Quando os dois iam subindo de novo na caminhonete, um OVNI chegou por cima deles e Walters tirou uma foto. Mas enquanto Cook se virava, o OVNI já havia desaparecido. Walters entregou-lhe a Polaroid e, ao puxar a foto, Cook viu a imagem do OVNI.
Por mais de dez anos, diversas pessoas na área de Gulf Breeze haviam relatado aparecimentos ocasionais de OVNIs. Quando as notícias dos OVNIs de Ed Walters começaram a circular, as histórias de outros incidentes proliferaram, e muitas delas envolviam as mesmas datas e localidades registradas por Ed. No dia 11 de novembro de 1987, pela primeira vez, pelo menos sete pessoas alegaram terem visto alguma coisa também, e algumas das descrições coincidiram em muitos pontos com a que ele fizera. Pelo menos um das testemunhas referiu-se a um raio azul.
A cobertura dos jornais e da televisão atraiu a atenção dos pesquisadores de OVNIs para Gulf Breeze e em particular para Ed Walters. Representantes do Centro de Estudos sobre OVNIs de J. Allen Hynek (CUFOS), da MUFON e do Fundo de Pesquisa Ufológico (FUFOR), bem como ufólogos da região, entrevistaram Walters e examinaram suas fotos. Os pesquisadores da MUFON entregaram a Walters uma câmera especial Nimslo 3-D, com 4 lentes, capaz de fornecer quatro negativos independentes de cada foto, três dos quais podiam ser submetidos a varias análises, enquanto se mantinha o quatro intacto. A ligeira diferença na posição das lentes também proporcionaria uma base para calcular o tamanho e a distância do objeto fotográfico. Era à prova de fraude.
Era inevitável que os críticos começassem a lançar dúvidas sobre as fotos feitas por Walters com a Polaroid, indagando se não poderiam ser o resultado de algum truque, talvez algum método inteligente de dupla exposição. A câmera Nimslo foi carregada com um filme e selada com cera por dois representantes das MUFON antes de ser entregue à Walters. Além disso, a equipe da MUFON tirou uma foto identificatória com o filme que estava na câmera; se por acaso alguém conseguisse, apesar do selo, mexer no filme ou trocá-lo por outro, os danos à imagem identificatória, ou sua eventual ausência, revelariam fraude. Finalmente, se Walters conseguisse tirar uma foto de um OVNI com a Nimslo, a câmera seria aberta na presença dos jornalistas durante uma conferência de imprensa, e pelo menos duas testemunhas ficariam com o filme o tempo todo, até que fosse revelado e impresso, como mais uma prevenção contra as fraudes.
Logo depois de aceitar a Nimslo, Walters percebeu que isso o deixaria num dilema. “Se eu não tirasse uma foto com aquela câmera especial, isso se refletiria na credibilidade do caso”, disse. “Eu estava querendo que o OVNI saísse da minha vida. Agora eu tenho que rezar para que ele voltasse pelo menos para tirar mais uma foto”.
Por duas semanas, Ed e Frances vigiaram os céus noturnos na esperança de capturar a imagem do OVNI com a máquina. E no dia 26 de fevereiro de 1988, avistaram um objeto estranho sobre as águas do estreito de Santa Rosa, ao sul de Gulf Breeze. Em nada se parecia com os OVNIs que Ed vinha fotografando até então: era alongado, como um charuto, com três fileira longitudinais de luzes cor de laranja e uma esteira luminosa, e criava uma perturbação atmosférica peculiar visível, segundo Ed, como as ondas de calor sobre o asfalto em um dia quente. Frances Walters não estava de acordo; para ela, o objeto parecia relativamente pequeno e não muito distante.
Quando a câmera foi aberta publicamente e o filme processado, uma semana depois, as imagens inicialmente levaram os pesquisadores da MUFON a concordar com ED que o OVNI retratado era muito grande. Com efeito, começaram a referir-se à ela como nave mãe, o que aparentemente implicava uma relação com os aparelhos menores das fotos da Polaroid. Mas a análise cuidadosa dos negativos da Nimslo feita depois mostrou que Frances estivera muito mais perto da verdade. O objeto tinha apenas cerca de um metro de comprimento. Então, os investigadores deixaram de lado a apelação de nave-mãe, passando a apelidar o objeto de sonda. Apesar desse rebaixamento, para todos os efeitos a coisa continuou sendo um OVNI. Não era, definitivamente, um avião, nem se adequava a qualquer outra explicação convencional. E fora fotografado com a câmera que os pesquisadores consideravam à prova de fraudes.
Em fevereiro, um cientista cético, Bruce Maccabee, chegou a Gulf Breeze para estudar os depoimentos de Ed Walters, Maccabee era presidente do FUFOR, e um respeitado físico ótico que trabalhava para a marinha americana em um laboratório de pesquisas, em Maryland. “Eu estava desconfiado de uma impostura”, disse Maccabee, achando que poderia desmascarar tudo em três dias. Mas depois de interrogar Walters e outras testemunhas por horas, visitar locais e realizar uma análise preliminar das fotos, percebeu que a questão precisaria de mais estudo – e já não tinha tanta certeza dos resultados.
Pouco depois de sair de Gulf Breeze, com a bagagem abarrotada de fotos, fitas de vídeo e outras provas, Maccabee sugeriu a Walters, em uma nova conversa telefônica, que construísse uma câmera estéreo auto-referência (EAR). Isso podia ser feito fixando-se duas câmeras Polaroid a cerca de trina centímetros uma da outra em uma tábua e posicionando-se uma vara diante delas com um prego vertical na ponta. Se as câmeras fossem disparadas ao mesmo tempo, as posições relativas da ponta da vara e do objeto fotografado nas fotos forneceria informações para calcular – pelo menos aproximadamente – a distância do objeto com relação à câmera, e portanto o seu tamanho aproximado. Em outras palavras, com esse aparelho seria possível distinguir com facilidade um modelo falso de uma grande nave verdadeira.
“Enquanto eu explicava como fazer a EAR”, lembrou posteriormente Maccabee, “fiquei pensando em qual seria a reação dele; se tudo não passasse de uma gigantesca farsa, eu estava fazendo uma sugestão que poderia desmascará-la”. A resposta de Walters foi construir a EAR, aperfeiçoá-la de acordo com instruções posteriores de Maccabee e tirar diversas fotos dos supostos OVNIs com ela. Em conjunto com as entrevistas, as primeiras fotos da Polaroid, as fotos da Nimslo e os vídeos, as fotos feitas com a câmera EAR convenceram Bruce Maccabee de que Ed Walters – e suas fotos – eram reais. O episódio final da provação de Walters teve lugar à 01:15 da manhã do dia 1 de maio.
Ele havia ido ao parque da cidade, na esperança de tirar mais fotos, quando percebeu o som familiar de zumbido. Dois OVNIs apareceram, e quando Ed os estava fotografando, sua visão, segundo contou, ficou completamente branca, como se um flash tivesse sido disparado dentro do seu cérebro; perdeu todas as sensações do corpo, mas sentiu que estava caindo. Quando voltou a si, seu relógio estava marcando 02:25. Em seu nariz havia um grande machucado em torno de um ponto avermelhado e dois machucados parecidos nas têmporas. As unhas de sua mão direita estavam sujas com uma substância negra e mal cheirosa. Ele não tinha a menor lembrança dos setenta minutos perdidos. Mas parecia razoável concluir que, finalmente, os alienígenas tinham vindo buscar Zehaas.
Desde o início, Ed Walters e seus relatam suscitaram um amplo debate e uma grande controvérsia entre os ufólogos. Os pesquisadores procuraram estabelecer uma norma, uma certa coerência na descrição dos OVNIs, para tratá-los como um fenômeno verdadeiro, e não como uma mera coleção aleatória de interpretações errôneas, fantasias e mentiras deslavadas. Em geral, o que quer que esteja muito fora do padrão é considerado suspeito, e com efeito muitos dos casos em que as pessoas alegaram ter tido repetidos encontros ou ofereceram inúmeras fotos acabaram sendo obra de impostores ou, pelo menos, de pessoas fortemente suspeitas de estar montando uma farsa.
No entanto, nem Ed Walters, nem sua família, se encaixavam na descrição clássicas dos criadores de fraudes com OVNIs. Apesar de ele e a esposa terem escrito um livro sobre suas experiências, nenhum deles estava precisando de dinheiro e ambos eram conhecidos na comunidade como extremamente o contrário de piadistas ou caçadores de autopromoção. Por mais de um ano, Walters insistiu no anonimato, pois temia que a publicidade afetasse seu negócio de construções. Além disso, em fevereiro de 1987, no auge do suposto assédio de OVNIs contra ele, Walters submeteu-se voluntariamente a dois testes do detector de mentiras acerca de suas fotos e lembranças visuais, e passou nos dois sem qualquer dificuldade. E considerando que certas personalidades sociopatas podem às vezes enganar o detector de mentiras, em junho ele se submeteu de boa vontade a um exame por um eminente psicólogo clínico da Flórida. Este não encontrou qualquer indício de distúrbios mentais.
O apoio mais forte à Ed Walters e às aparições de Gulf Breeze talvez venha de Bruce Maccabee da FUFOR. Além de ser um fotoanalista competente, Maccabee é também um enérgico e experiente investigador de supostas aparições de OVNIs, e dedicou centenas de horas, ao longo de mais de um ano, ao estudo do caso Walters.
Desde o princípio ele considerou a hipótese de dupla exposição, que sabia ser possível até com uma câmera Polaroid. Basicamente, isso é feito fotografando-se um modelo contra um fundo negro e depois expondo-se o mesmo filme a uma cena exterior, de modo que apareça a imagem modelo contra o céu noturno escuro. Contudo, esse método tem problemas e armadilhas que deixaram marcas significantes nas fotos, mesmo que fossem feitas por um bom fotógrafo – e Maccabee não tardou a convencer-se de que Walters não era nenhum perito. “As provas de que Walters não montou uma farsa pareciam quase esmagadoras”, concluiu. “As aparições ocorreram realmente”.
O físico ótico concentrou-se seus exames mais minuciosos sobre o vídeo de 98 segundos, no qual Walters teria filmado um OVNI passando devagar por trás de sua casa, no dia 28 de novembro de 1987. Maccabee submeteu o vídeo a uma rigorosa análise computadorizada do tamanho do objeto, distância em relação à câmera e variações de iluminação, como a velocidade e da sincronia da gravação. Reproduziu – com a ajuda de Walters – diversas hipóteses de fraude: de que um OVNI fosse um modelo pendurado em algum tipo de suporte, que fosse posto em movimento por algum tipo de arranjo com cordões puxados ou que fosse carregado no alto de uma vara. Maccabee avaliou que nenhuma das possibilidades de fraudes explicariam a filmagem. “A forma geral da imagem parece idêntica à forma das imagens nas fotos Polaroid feitas por Ed em novembro e dezembro de 1987”, escreveu no final de um longo relatório. “Minha conclusão é que Ed não produziu o vídeo usando um modelo. Ao contrário, concluo que ele gravou um OVNI verdadeiro”.
Com igual firmeza os desmistificadores se convenceram de que a estória toda não passava de uma elaborada fraude, e lançaram repetidos ataques públicos contra a credibilidade dos Walters. Um dos piores ataques foi uma série de três contestações que surgiram em rápida sucessão em 1990. Em primeiro lugar, foi dito que um modelo de um OVNI foi feito de isopor havia aparecido no sótão de uma casa vendida por Walters em 1989. Depois, um repórter do cabal local de televisão, Mark Curtis, demonstrou no ar como havia feito fotos muito parecidas com as Walters usando modelos de OVNIs em dupla exposição. Também produziu um vídeo de um OVNI em movimento gravando um modelo iluminado carregado no alto de uma vara pintada de preto, à noite. Mais ou menos na mesma época, um rapaz chamado Tommy Smith, amigo do filho adolescente de Walters, veio a público declarar que estivera presente em ocasiões em que Walters se vangloriara alegremente de como estava enganando o mundo com modelos e fotos forjadas. “Ele estava achando tudo muito engraçado”, disse Tommy de um incidente Walters descreveu. “Rolava no chão de tanto rir”. Walters e seus defensores rejeitavam com desprezo todas as acusações. O modelo supostamente encontrado em sua antiga casa, segundo Walters, com certeza não fora posto por ele. Além disso, disse ele, tratava-se de um modelo infantil em cartolina, muito diferente dos OVNIs que ele vira e fotografara. Também foi dito que as fotos do repórter eram bem diferentes das de Walters – e, de qualquer modo, desde o princípio de sua investigação, Bruce Maccabee havia admitido que a dupla exposição era possível; o essencial era que um estudo cuidadoso o convencera de que Ed Walters não forjara as fotos. Quanto a Tommy Smith, parecia tratar-se da palavra dele contra a de Ed.
As acusações continuaram, separando a comunidade ufológica em campos opostos. Walters dizia que os céticos tentavam manchar a reputação dele. Um detrator anônimo, segundo ele, chegou até mesmo a forjar uma foto do edifício da Chrysler em Nova Iorque, acrescentado-lhe uma imagem grosseira, obviamente falsificada, de um OVNI girando em torno do topo do prédio – e mandou-a para um jornal atribuindo-a a Walters. Um ataque mais sério aconteceu no início de 1992, quando um consultor de engenharia e analista de fotografia independente chamado Willian G. Hyzer terminou um estudo que lhe fora encomendado por alguns ufólogos. Hyzer, apresentado como totalmente independente por aqueles que o contrataram criticou algumas fotos de Walters de Walters como suspeitas. Mas em apenas um caso ele fez uma acusação aberta de fraude.
“Foto 19” (acima) de Ed Walters está entre as mais controvertidas das que ele fez com a sua Polaroid, de supostos OVNIs. A foto foi condenada como falsificação de dupla exposição por um respeitado fotoanalista, Willian G. Hyzer, e endossada como autêntica por outro, o físico ótico Bruce Maccabee. Mark Curtis, um repórter de TV, falsificou com dupla exposição a foto similar (abaixo), para provar que isso podia ser feito.
A foto em questão, a “foto 19”, foi tirada no dia 12 de janeiro de 1988, e mostra a imagem de um OVNI pairando sobre uma rodovia em frente da caminhonete de Walters. Um luz forte do “anel de força” na parte de baixo da suposta nave está refletida na estrada abaixo. O capô da caminhonete, visível no primeiro plano da foto, não reflete nada dessa luz. Após realizar testes com outra caminhonete e uma luz posicionada em várias alturas sobre a estrada, Hyzer decidiu que, se a foto de Walters fosse genuína, o capô do carro teria mostrado um reflexo. “A opinião profissional deste autor”, escreveu, “é que há apenas uma explicação lógica para tal anomalia: a foto número 19 é uma falsificação produzida por dupla exposição”.
Embora alguns dos críticos de Walters tenham se servido desse pronunciamento como a prova positiva que estavam procurando. Não houve reflexo no capô do carro, disse ele, porque o veículo “estava um lixo; o capô amassado”. Maccabee apoia essa afirmativa. Segundo o físico, ele próprio havia tratado desse ponto específico em 1988, realizando extensos testes com o caminhão de Walters para determinar se um reflexo aparecia ou não no capô, como mostrado na foto 19. Segundo ele descobriu, como o capô fora deformado por um acidente com uma retro-escavadeira algum tempo atrás, não seria possível ver aquele reflexo a não ser que a luz estivesse a mais de três metros de altura sobre a estrada – consideravelmente mais alta que a imagem vista na foto 19.
O caso Gulf Breeze não se encerrou com a experiência de “tempo perdido” de Walters em maio de 1988. Os relatos de aparições de OVNIs nas vizinhanças continuaram. Na verdade, tornaram-se tão freqüentes que em novembro de 1990 uma equipe de dezessete investigadores que trabalhavam sob a orientação da MUFON começou a manter uma vigília noturna formal em busca de OVNIs na região de Gulf Breeze. Até março de 1992 os investigadores haviam registrado o espantoso total de 130 aparições, documentadas por cerca de duas horas de gravação em vídeo e dúzias de fotografias.
A maior parte das aparições foi de luzes distantes que iam do vermelho para o branco e para o vermelho de novo. De vez em quando, essas luzes tinham a forma de uma anel. Consta que as bases militares da região não foram de muita ajuda quando indagadas sobre o tráfego aéreo, mas os investigadores convenceram-se de que as luzes, que se deslocavam em silêncio, não pertenciam a qualquer tipo de conhecido de avião.
Lanternas penduradas em balões foram sugeridas como explicação, mas muitas vezes as luzes se deslocavam diretamente contra o vento, e se acendiam e apagavam em um piscar de olhos; de que maneira um impostor poderia acender e apagar lanternas no céu? Uma análise espectral de difração, segundo, um dos investigadores, revelou que o brilho era bem diferente do produzido por lanternas. Em algumas ocasiões, aparecia um objeto melhor definido. Em setembro de 1991, mais de 80 pessoas excitadas relataram ter visto uma forma escura de disco que se movia silenciosamente pelo céu e iluminou-se de repente, como se tivesse acendido luzes por trás de escotilhas. “Era o mesmo OVNI que Ed Walters fotografou há 3 anos”, declarou uma testemunha. Dois meses depois, no dia 15 de novembro de 1991, mais de 12 vigílias viram uma coisa parecida, só que dessa vez, além de escotilhas, houve também a menção de um “anel de força” na parte de baixo.
Diversos militares da ativa e da reserva estavam entre as testemunhas de Gulf Breeze. “Eles dizem que não conseguem o que poderia ser”, conta Bruce Maccabee, que testemunhou pessoalmente uma das aparições. Maccabee admitiu estar também perplexo com o que quer que estivesse assombrando os céus de Gulf Breeze. “Ou é uma farsa”, declarou, “ou a coisa é verdadeira”.

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